Casal economizando dinheiro: Antes de conversar abertamente sobre finanças, é necessário saber qual como o parceiro lida com o dinheiro
Dinheiro está longe de ser o ingrediente principal de um relacionamento e pode até ser considerado um detalhe pelo casal.
Mas, se por um lado o tema não é essencial para definir uma união, por outro pode ser suficiente para provocar o divórcio se o casal não souber lidar com o assunto, principalmente quando decidirem iniciar uma vida a dois.
Conflitos financeiros com o parceiro são frequentes na vida de 16,7% brasileiros, de acordo com pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O número sobe para 22,7% entre os casais que têm contas em atraso.
Veja a seguir cinco dicas de especialistas sobre como abordar o tema no seu relacionamento e prevenir problemas que possam desgastar a relação afetiva:
1) Converse sobre dinheiro
As conversas sobre finanças devem ser iniciadas o quanto antes, “se possível logo no segundo jantar”, brinca Mauro Calil, consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro. “Mas há maneiras delicadas de fazer isso”, ressalta.
Segundo Glória Pereira, consultora de finanças pessoais, dinheiro é um assunto íntimo. “Conforme o casal vai ganhando mais confiança e o relacionamento evolui, o assunto passa a ser naturalmente abordado com maior frequência”.
A conversa pode ser iniciada aos poucos e de forma indireta. “Durante um jantar, a resposta do parceiro diante de um comentário sobre como está difícil encontrar um seguro mais em conta para o carro pode ser um indicador da sua visão sobre o dinheiro”, exemplifica Calil.
Antes de decidir falar abertamente sobre o assunto, é recomendável observar como o parceiro lida com as finanças e qual é sua situação financeira.
Para isso, saber o valor do salário é dispensável: basta observar o padrão de vida do outro, diz Glória. “Informações sobre onde cada um mora, quais bens tem e o padrão de consumo durante passeios já são suficientes para evitar gafes e constrangimentos ao abordar o tema”.
2) As decisões devem ser tomadas em conjunto
Planejar passeios, viagens e compras a dois são oportunidades para falar sobre dinheiro, diz Glória. Nessas situações, o foco deve ser sempre a relação entre custo e benefício de cada gasto, recomenda Calil.
Se o casal resolver iniciar a vida a dois e um dos parceiros for mais responsável em relação aos gastos ou tiver uma renda maior, ele não deve anular o outro no momento de tomar decisões financeiras.
É importante incentivar esse parceiro a participar das decisões para que ele não fique acomodado ou frustrado.
Calil recomenda que todos os gastos sejam discutidos pelo casal e ambos façam ponderações para entrar em um acordo. Críticas sobre o modo de encarar as finanças também podem ser incluídas na conversa.
O tema não deve ser um tabu. “A forma de lidar com o dinheiro deve ter o mesmo peso de qualquer outro tipo de discussão do casal”, conclui Calil.
3) A divisão das despesas deve ser confortável para ambos
Não existe uma receita sobre como o casal deve dividir gastos. O mais importante, segundo especialistas, é que ambos se sintam confortáveis com a situação.
Enquanto no namoro esse assunto pode ser tratado de maneira mais flexível, durante um noivado ou a partir do momento em que o casal decide viver junto o ideal é que o orçamento seja unificado, diz Calil. Dessa forma, naturalmente a contribuição de cada um será proporcional ao salário.
Para evitar as chamadas traições financeiras, quando o parceiro começa a esconder despesas que podem prejudicar o orçamento do casal, a transparência de gastos é essencial.
Calil diz, porém, que há uma diferença entre listar gastos e pedir permissão para realizar a despesa. “O casal deve ter liberdade para utilizar o dinheiro, contanto que não prejudiquem o orçamento comum”.
Como forma de minimizar eventuais conflitos causados por hábitos de consumo diferentes, o consultor financeiro recomenda que o casal determine um valor periódico para que cada um gaste como quiser, sem haver interferência ou supervisão.
4) Preparem-se para situações imprevistas, como a perda de emprego
A melhor forma de evitar brigas caso o parceiro fique desempregado e a situação cause descontrole sobre o orçamento do casal é se prevenir contra essa situação.
Calil indica a formação de uma reserva de emergência para essas situações, que deve ser iniciada, de preferência, antes de o casal decidir viver junto.
Especialistas recomendam que o valor dessa reserva financeira seja equivalente a pelo menos seis meses da renda recebida pelo casal.
Assim, mesmo se ambos ficarem desempregados, o padrão de vida será mantido por pelo menos seis meses. O objetivo é proporcionar tempo para a recolocação de cada um no mercado de trabalho e, como consequência, tranquilidade financeira, evitando conflitos.
5) Planejem objetivos em comum
O casal deve evitar dar um passo maior do que o orçamento permite, principalmente no início da vida a dois (descubra a sua capacidade e do parceiro para gerar riqueza)
Realizar ao mesmo tempo uma festa de casamento, uma viagem de lua de mel e a compra de um imóvel pode prejudicar o relacionamento caso seja necessário utilizar toda a poupança do casal para cobrir os custos.
Calil aconselha buscar meios de evitar essa situação, que aumenta a probabilidade de descontrole financeiro e brigas. “Móveis para a nova casa, por exemplo, podem ser adquiridos aos poucos, conforme o orçamento permitir”.
Ao decidir viver junto, o casal deve chegar a um acordo sobre prioridades e sonhos para planejar os investimentos necessários para atingi-los.
Essas metas podem incluir uma viagem, a aquisição de bens, projetos profissionais e a formação de uma reserva para a aposentadoria.
A conversa deve ser periódica para permitir a inclusão de novos objetivos e a revisão de planos diante de imprevistos que tenham impacto sobre o orçamento do casal.
O importante é que ambos concordem com as metas e também com os meios para atingir cada objetivo, como a forma de investir e poupar.
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