Fonte: Izabelly Mendes.

Nem sempre o que assusta nas relações é o abandono, a traição ou o desamor. Às vezes, o que paralisa é justamente o contrário: a possibilidade de finalmente dar certo. Esse medo, por mais contraditório que pareça, é mais comum do que se imagina e pode estar por trás de muitos relacionamentos sabotados inconscientemente.

O medo de dar certo surge quando, ao invés de fugir de algo tóxico ou instável, a pessoa se vê diante de uma relação saudável, estável e com potencial de futuro. E isso, ao invés de trazer paz, gera ansiedade, insegurança e até desejo de fuga. Mas por que algo bom pode gerar tanto desconforto?

A origem do medo
Esse tipo de receio costuma ter raízes profundas na história emocional de cada um. Pessoas que cresceram em ambientes instáveis, onde amor era sinônimo de dor, controle ou abandono, tendem a associar segurança com algo irreal ou temporário. Quando encontram alguém que as trata com respeito, carinho e constância, o cérebro entra em modo de alerta: “isso é bom demais para ser verdade”.

Além disso, o medo de dar certo está ligado à autoestima. Quando não acreditamos que merecemos um amor verdadeiro, a tendência é sabotar qualquer oportunidade que se aproxime disso. A pessoa começa a procurar defeitos no outro, cria conflitos onde não existem ou inventa desculpas para se afastar. No fundo, o sucesso da relação não assusta por si só, mas por tudo o que ele representa: intimidade, entrega, vulnerabilidade, e principalmente, a possibilidade de ser feliz — o que nem todos aprenderam a permitir.

O peso das expectativas
Outra questão que alimenta esse medo é a pressão de corresponder às expectativas. Quando o relacionamento começa a caminhar bem, surgem questionamentos internos: "E se eu estragar tudo?", "E se eu não for suficiente?", "E se ele(a) perceber que não sou tudo isso?". O peso de manter algo bom pode ser maior do que o de consertar algo ruim.

É mais fácil lidar com o que é familiar, mesmo que isso signifique dor. O novo, o saudável, exige esforço emocional, desconstrução de crenças antigas e disposição para mudar. E nem sempre estamos preparados para isso.

A autossabotagem
Quando o medo de dar certo toma conta, a autossabotagem aparece. Pequenas atitudes começam a minar a conexão: evitar conversas profundas, não demonstrar afeto, alimentar desconfianças, manter distâncias emocionais. Tudo isso com o inconsciente objetivo de evitar o sofrimento — mesmo que isso signifique abrir mão de algo que poderia ser incrível.

A mente tenta se proteger antecipadamente de uma dor que nem sequer existe. É como se dissesse: "Melhor eu me afastar agora do que sofrer quando isso acabar". A ironia é que, ao fazer isso, a pessoa acaba exatamente no lugar que queria evitar: sozinha e frustrada.

O medo de ser feliz
Ser feliz implica em riscos. Implica em se permitir, em se mostrar por inteiro, em confiar. E para quem carrega traumas emocionais, isso pode ser mais assustador do que qualquer rejeição. O sucesso da relação exige coragem. Coragem para quebrar padrões, encarar feridas antigas e se abrir para algo novo.

Assumir que está tudo bem, que o outro é alguém confiável e que o amor pode, sim, ser leve e bom, é um passo desafiador. Mas é necessário.

Como lidar com esse medo?
O primeiro passo é reconhecer o medo. Admitir que ele existe já é um grande avanço. Depois, é importante observar os próprios comportamentos e entender se há padrões de fuga ou sabotagem recorrentes. A terapia pode ser uma ferramenta fundamental nesse processo, ajudando a ressignificar vivências passadas e fortalecer a autoestima.

Conversar com o parceiro(a) também é essencial. Muitas vezes, dividir essa vulnerabilidade fortalece o vínculo e permite que o outro compreenda melhor suas atitudes. Uma relação saudável é construída com sinceridade e respeito, inclusive pelos medos que cada um carrega.

Conclusão
O medo de dar certo não é fraqueza, é um reflexo de dores não curadas. Mas é possível superá-lo. Permitir-se viver um amor verdadeiro, sem sabotagens, é um ato de coragem. E toda coragem leva à liberdade — inclusive a de ser feliz ao lado de alguém que te faz bem. O sucesso de uma relação não deveria ser motivo de medo, mas de celebração. E você merece isso.


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