Imagem: GMM's
O jornalismo, em sua essência, deveria ser o pilar da informação verificada, imparcial e acessível à população. No entanto, o que se observa no atual cenário brasileiro é um afastamento crescente desse ideal. As grandes redações, antes comprometidas com a apuração rigorosa e a apresentação neutra dos fatos, têm dado lugar a um jornalismo editorializado, muitas vezes travestido de reportagem, que mais opina do que informa. O resultado disso é uma sociedade desinformada, polarizada e cada vez mais desconfiada da imprensa.
A Morte da Neutralidade Jornalística
A neutralidade jornalística, embora nunca tenha sido plenamente alcançada, sempre foi um ideal norteador das boas práticas jornalísticas. Contudo, no Brasil contemporâneo, esse princípio parece ter sido abandonado. As linhas editoriais dos principais veículos de comunicação escorregaram da interpretação dos fatos para a manipulação narrativa. A notícia deixou de ser o relato objetivo do que ocorreu para tornar-se uma ferramenta de persuasão.
Hoje, em um simples giro pelos telejornais ou portais de notícia, percebe-se que há uma clara tentativa de induzir o leitor ou telespectador a adotar um determinado ponto de vista. Manchetes são redigidas com vocabulário carregado de conotação ideológica. Reportagens selecionam cuidadosamente quais aspectos enfatizar e quais omitir. A crítica seletiva a determinados atores políticos ou econômicos, ao mesmo tempo em que se oferece indulgência a outros, se tornou prática comum.
A Redação como Palanque Ideológico
É impossível discutir o jornalismo atual sem mencionar o papel da ideologia dentro das redações. Muitos jornalistas brasileiros, formados em universidades onde o pensamento crítico se confunde com militância política, acabam por replicar no trabalho cotidiano a visão de mundo com a qual foram doutrinados. O resultado disso é a construção de narrativas enviesadas, que distorcem a realidade para atender a uma agenda específica.
Não é raro encontrar matérias que demonizam determinados espectros políticos — especialmente os mais à direita — enquanto exaltam qualquer iniciativa progressista, mesmo que envolta em contradições. Quando erros são cometidos por governos ou figuras públicas alinhadas com a linha editorial do veículo, os fatos são amenizados, relativizados ou simplesmente ignorados. Em contrapartida, quando os mesmos erros são atribuídos ao lado oposto do espectro político, recebem ampla cobertura, com direito a análises, entrevistas e condenações implícitas.
Não é raro encontrar matérias que demonizam determinados espectros políticos — especialmente os mais à direita — enquanto exaltam qualquer iniciativa progressista, mesmo que envolta em contradições. Quando erros são cometidos por governos ou figuras públicas alinhadas com a linha editorial do veículo, os fatos são amenizados, relativizados ou simplesmente ignorados. Em contrapartida, quando os mesmos erros são atribuídos ao lado oposto do espectro político, recebem ampla cobertura, com direito a análises, entrevistas e condenações implícitas.
A Confusão entre Fato e Opinião
Outro ponto alarmante é a crescente confusão entre o que é fato e o que é opinião. As colunas opinativas, que deveriam estar claramente identificadas, estão misturadas com as reportagens. Em muitos casos, um único parágrafo de uma notícia traz insinuações, adjetivações ou juízos de valor que transformam a notícia em editorial. O público, muitas vezes desatento, consome essa informação como se fosse uma realidade objetiva, quando na verdade está sendo conduzido a pensar de uma determinada maneira. Essa prática tem consequências devastadoras para o debate público. Em vez de oferecer ferramentas para que o cidadão forme sua própria opinião, o jornalismo atual molda essa opinião previamente. A imprensa, que deveria ser o farol da verdade, transforma-se em um espelho distorcido que projeta apenas aquilo que deseja mostrar.
A Aliança com o Poder e a Perda de Credibilidade
Não se pode ignorar a relação, por vezes promíscua, entre a imprensa e o poder. Seja por interesses comerciais, financiamento público ou alinhamento ideológico, muitos veículos abdicaram de sua independência em troca de favores ou acesso privilegiado a informações. Isso ficou evidente em diversos momentos da história recente do Brasil, com a cobertura desigual de escândalos políticos, a blindagem de certas figuras públicas e a omissão de informações que comprometeriam alianças estratégicas. Essa postura servil diante do poder mina a credibilidade do jornalismo. A população, cada vez mais cética, passou a buscar informações em outras fontes — muitas vezes pouco confiáveis —, o que alimenta a proliferação de fake news e desinformação. A ironia é que a própria imprensa, ao abandonar seu compromisso com a verdade, acabou por alimentar o monstro que agora denuncia: a crise da informação.
A Reação do Público e o Papel das Novas Mídias
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Imagem: GMM's |
As novas mídias, por mais caóticas que sejam, quebraram o monopólio da narrativa. Hoje, qualquer cidadão pode investigar, denunciar, questionar. O jornalista perdeu o privilégio de ser o único mediador entre o fato e o público. Isso deveria provocar uma autorreflexão profunda nas redações. Mas o que se vê, em muitos casos, é a arrogância e o desprezo por esse novo ecossistema informativo, rotulado de “negacionista”, “reacionário” ou “antidemocrático” sempre que foge da cartilha dominante.
Conclusão: Um Jornalismo em Crise de Propósito
O jornalismo brasileiro vive uma crise de propósito. Esqueceu-se de seu papel de relatar os fatos com precisão, equilíbrio e responsabilidade. Tornou-se instrumento de militância, palanque ideológico e, por vezes, cúmplice do poder. Recuperar a credibilidade perdida exige mais do que ajustes técnicos: requer uma mudança de postura, uma volta à ética jornalística e ao compromisso com o público — não com uma causa.
Enquanto isso não acontece, o jornalismo continuará a ser visto com desconfiança, e a sociedade continuará a buscar outras formas de se informar, nem sempre com segurança ou qualidade. O jornalismo não pode ser partido, não pode ser doutrina, não pode ser torcida. Jornalismo, por definição, deve ser serviço. Quando se esquece disso, perde-se não só a notícia, mas a própria democracia.
Enquanto isso não acontece, o jornalismo continuará a ser visto com desconfiança, e a sociedade continuará a buscar outras formas de se informar, nem sempre com segurança ou qualidade. O jornalismo não pode ser partido, não pode ser doutrina, não pode ser torcida. Jornalismo, por definição, deve ser serviço. Quando se esquece disso, perde-se não só a notícia, mas a própria democracia.
Por: Mario Batista 12/06/25
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